segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Entrevista: Dr. Henrique Carrete Jr.

Formado pela Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, Dr. Henrique Carrete Jr. ocupa o cargo de coordenador do Curso Afip desde sua criação.

Com ampla experiência em eventos e congressos no exterior, sobretudo na França, onde realizou um fellowship, contribui continuamente para a ampliação das relações da Radiologia brasileira com a de outros países, também representando o Colégio Brasileiro de Radiologia, onde é secretário geral.
Dr. Carrete conversou com o Jornal da Imagem sobre sua experiência, deu conselhos aos residentes que pretendem estudar no exterior e falou sobre sua decisão em participar de uma das chapas que concorre pela Diretoria do CBR, em eleições agendadas para outubro deste ano.

Jornal da Imagem – O sr. tem grande experiência internacional, tendo sido um dos grandes responsáveis pela parceria da SPR com a França, em 2009, e um dos coordenadores do Curso Afip. Poderia falar um pouco sobre suas vivências no exterior?

Dr. Henrique Carrete Jr. – Na França, realizei fellowship entre 1993 e 1994, no Hospital Pitié–Salpêtrière, em Neurorradiologia. Desde então, participo de congressos internacionais diversos, principalmente na França – lá participo anualmente da Jornada Francesa de Radiologia, há oito edições. Tenho ido sempre também ao RSNA, em Chicago. Nos últimos três anos, tenho frequentado o Congresso Europeu de Radiologia, onde temos feito um trabalho mais forte; minha participação se dá principalmente pelo CBR.

JI – Quais conselhos o sr. daria a residentes que ainda não participaram do Curso Afip?

Dr. Carrete – Quem deixa para a última hora tem mais dificuldade para desenvolver os casos a ser enviados para lá, pois eles precisam ser realmente completos, conter a história do paciente, seguimento e o resultado da cirurgia. Isso é bacana porque, se ele se programa para isso desde o começo do ano, cada vez que surge um caso interessante no dia a dia da residência, ele já pode coletar material.

Pense em coletar os dois casos no dia a dia. Não há muita dificuldade, não precisam ser casos raros, mas ilustrativos, contendo a correlação, e bem documentados, completos, com apresentação clara. Não há a necessidade de rigor científico, já que não se trata de uma publicação – embora as pessoas tenham enviado casos com tamanha qualidade que nós mesmos sugerimos que sejam publicados.

JI – O sr. também atua na coordenação da Prova de Residentes do CBR. Quais são os caminhos para que os radiologistas tenham bom desempenho? Quais seus conselhos?

Dr. Carrete – Sou um dos membros da Comissão de Ensino do CBR, hoje dirigida pelo Dr. Ênio Rogacheski. Ele é o maior responsável e eu, com demais membros, somos colaboradores. É ela que faz a prova acontecer, embora o dono de fato dessa prova ser os programas de residência – são contempladas contempladas perguntas dos próprios programas e o intuito é que a prova tenha a colaboração de todos os programas de residência médica.

Toda a Radiologia cai nessa prova, então é claro que para um R1 ela pode parecer mais difícil, e para um R3 tecnicamente ela é melhor. A grande sacada é a educação continuada, ou seja, a cada estágio da residência ele acompanhar, estudar o equivalente daquele período, do momento que está estudando, tirar o máximo. É o dia a dia, estudar casos interessantes, buscando informações na literatura sobre aquele caso, e isso vai propiciar mais facilidade na prova.

JI – A Radiologia brasileira tem tido grande reconhecimento de profissionais estrangeiros – as parcerias internacionais da própria SPR permitem constatar isso. A que o sr. credita esse sucesso da especialidade?

Dr. Carrete – À qualidade do radiologista brasileiro, à excelência desses profissionais, que é vista e percebida facilmente pelos professores estrangeiros que a SPR ou o CBR trazem aos congressos. Eles acabam presenciando aulas dos médicos brasileiros, que são de excelente qualidade, de nível equivalente ao de estrangeiros. Mais recentemente, há as publicações internacionais que os brasileiros têm produzido; tudo isso acaba tornando a Radiologia brasileira reconhecida internacionalmente.

JI – O sr. integra uma das chapas que concorre à nova diretoria do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). Por que o sr. resolveu ser candidato junto aos Drs. Renato Mendonça e Pedro Daltro?

Dr. Carrete – Assim com na SPR, onde participei bastante tempo e participo até hoje da JPR como coordenador, no CBR venho participando há algum tempo como membro de comissões, ou como responsável pela prova de especialista, e a agora em cargo de diretoria. Essa candidatura significa continuidade do que venho fazendo e gosto de fazer; a vida associativa toma tempo da gente, mas dá muita satisfação.

Agora, continuo junto àqueles em quem acredito, e o Renato e o Pedro são radiologistas extraordinários, de alta qualidade científica, que lutam pela especialidade. Acredito no trabalho do Renato em todas as entidades de classe, sobretudo na SPR, e a experiência que tem vai tornar mais produtivo o meu trabalho junto ao CBR, onde gosto e quero trabalhar com gente competente, que procura o melhor para a Radiologia brasileira. É por isso que quero continuar no CBR, e acho que há certa continuidade, já que estou lá hoje com o Renato (vice–presidente por São Paulo) e levaremos boas mudanças com a chegada do Pedro. Me sinto honrado de participar dessa composição.

JI – Qual sua experiência no CBR? Há quantos anos o sr. atua na área associativa e em quais funções?

Dr. Carrete – A SPR foi a primeira entidade e me chamar para participar. Tive cargo de presidente do Clube Roentgen a convite do próprio Renato Mendonça, que foi a primeira pessoa a me convidar a ter um cargo na SPR, há cerca de 15 anos. E desde então acumulei cargos no CBR e nunca mais parei com a vida associativa, também atuando de forma indireta na Associação Médica Brasileira (AMB), não com cargo, mas em comissões.

JI – Por favor, fale sobre os principais projetos do grupo. Quais as principais necessidades da especialidade, que precisam ser atendidas prontamente?

Dr. Carrete – Cientificamente, estamos bem e temos grandes eventos; a experiência desse pessoal da chapa vai melhorar o que já estamos fazendo. A atuação de defesa profissional é algo que precisamos resolver de forma rápida. A não atualização dos valores dos exames é algo que preocupa a todos, seja o radiologista dono de clínica, prestador de serviço ou funcionário público; a remuneração está estagnada há bastante tempo. De imediato, é preciso continuar esse trabalho que o CBR tem feito, mas de forma mais agressiva, através de trabalhos junto a fontes pagadores, governo, para termos remuneração digna à nossa Radiologia, digna e tão elevada cientificamente com profissionais fantásticos.

Em médio prazo, é preciso continuar o trabalho de relacionamento internacional. Queremos continuar o trabalho que o CBR vem fazendo, melhorando as provas, a avaliação de residentes, influenciando de forma positiva os programas de residência médica; basicamente, continuar para melhorar

Fonte de InformaçãoSociedade Paulista de Radiologia.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...