segunda-feira, 28 de março de 2011

Ciência global



Por Bernardo Esteves


A globalização da ciência não é um fenômeno novo, mas ganhou na internet uma ferramenta interessante que permite visualizar os laços que unem pesquisadores de todo o mundo. O canadense Olivier Beauchesne, analista de uma empresa de consultoria em ciência, elaborou um mapa da cooperação científica global entre 2005 e 2009.

O mapa foi alimentado com dados de grandes repositórios de artigos, como o Scopus, mantido pela Elsevier, gigante da publicação científica. Nos estudos que envolviam autores de instituições diferentes, uma linha foi traçada unindo as cidades de cada uma delas. O resultado é uma representação elegante dos principais eixos de colaboração científica no mundo.

O mapa traduz visualmente um fenômeno cada vez mais comum no mundo da ciência – estudos que envolvem extensas redes de laboratórios em vários países. Tomemos o exemplo do sequenciamento do genoma do orangotango, publicado em janeiro na Nature: o trabalho foi feito por uma centena de pesquisadores de nove países. No mapa elaborado por Beauchesne, ele seria representado com linhas ligando as cidades de cada um deles.

O mapa da cooperação científica oferece uma boa caracterização visual da distribuição da produção científica mundial. Como era de se esperar, as redes mais densas de colaboração ligam Estados Unidos, Europa e Japão. Economias emergentes como Brasil, Índia e China também aparecem com redes destacadas.

Um olhar mais detalhado para as redes de cooperação que envolvem os pesquisadores brasileiros também aponta tendências esperadas. Os nós mais importantes correspondem às cidades que abrigam as universidades e centros de pesquisa de maior produção acadêmica. A deficiência crônica que o país tem de pesquisadores na região Norte se traduz de forma eloquente em um vazio relativo sobre o território amazônico.

O mapa também diz muito sobre as redes de cooperação internacional que envolvem cientistas brasileiros. Elas praticamente se resumem aos eixos que nos ligam à Europa e aos Estados Unidos. As parcerias com outros países latino-americanos são bastante modestas. Para enxergar a colaboração com países da África e de outros continentes, é preciso abrir a versão do mapa em alta resolução e forçar bastante a vista.

Definitivamente, a cooperação Sul-Sul que o Brasil vem buscando estabelecer com outros países do mundo em desenvolvimento ainda não tem tradução visual no mapa da colaboração científica.

Fonte de Informação: Revista Piauí - Estadão

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