quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Entrevista com Dr. Martin Torriani

Nascido na Filadélfia, Estados Unidos, Dr. Martin Torriani viveu no Brasil por 25 anos, tendo se formado em medicina e radiologia pela Unicamp. Há dez anos, trabalha como radiologista musculoesquelético no Massachusetts General Hospital (MGH), da Harvard Medical School: é professor assistente, é diretor do Núcleo de Pesquisa em Imagem Musculoesquelética e do Programa de Fellowship de Imagem e Intervenção Clínica da entidade.

Dr. Torriani concedeu uma entrevista à SPR para elucidar dúvidas sobre o programa do MGH; o Grupo de Estudos Musculoesquelético fechou uma parceria com a entidade norte-americana e está selecionando, até dia 16 de dezembro, um residente para atuar por um ano no hospital, sem arcar com as despesas do curso.
Quais características pessoais e/ou profissionais o radiologista interessado em participar do programa deve apresentar?

Radiologistas interessados em participar do Massachusetts General Hospital (MGH) Musculoskeletal Imaging Research Fellowship devem ser especializados em radiologia musculoesquelética (ME). Isso geralmente fica evidente no currículo através de estágios (ou R4), pós-graduação, publicações, aulas e pôsteres que o candidato acumulou ao longo dos anos na área de radiologia ME.

A intenção é de que, ao final do Fellowship, o radiologista seja capaz de avançar a pesquisa e ensino de radiologia ME no seu país de origem. Logo, durante o programa do MGH, o Fellow participa de uma série de atividades de pesquisa e ensino delineadas nos formulários de inscrição. Essas atividades requerem um bom nível de inglês falado e escrito. É também essencial que o indivíduo tenha iniciativa, seja capaz de trabalhar de forma independente após um período de supervisão e que tenha espírito de equipe.

O que esse radiologista vai encontrar no programa musculoesquelético desenvolvido no MGH? O que ele pode esperar ver e conhecer?

O Fellowship tem dois componentes: pesquisa e observação clínica.

Nossa divisão tem um programa de pesquisa muito ativo, com numerosos trabalhos publicados que abrangem estudos nas áreas de medicina esportiva, tumores musculoesqueléticos, biomecânica, metabolismo de músculo, osso e gordura. O Fellow participa desse componente por um mínimo de 50% do seu estágio, ajudando a coletar e analisar dados de imagem, preparar abstracts, pôsteres e publicações. Também se espera que o Fellow prepare algumas apresentações sobre tópicos em radiologia ME para discussão com nossa equipe. Recomendo ler com atenção os formulários, onde se encontram mais detalhes sobre as atividades do Fellowship.

Durante o restante do tempo, o Fellow observa nossas atividades clínicas. Entre elas, estão os exames e intervenções, além de reuniões didáticas, conferências clínicas e cursos de educação médica continuada para radiologistas. Nossa divisão é composta por oito radiologistas especializados em musculoesquelético, fazendo cerca de 150 mil exames e 5 mil intervenções musculoesqueléticas ao ano.

É importante lembrar que as responsabilidades do Fellow são centradas no componente de pesquisa. Para o Fellow receber o diploma do estágio, deve cumprir os requerimentos desse componente. Nosso departamento tem outros canais para radiologistas interessados em observar atividades clínicas sem participar em pesquisa. Nesse caso, o estagiário paga uma mensalidade. O MGH Musculoskeletal Imaging Research Fellowship não requer que o radiologista pague mensalidade, já que ele participa de projetos de pesquisa.


Quais os benefícios de participar de um programa como esse para a carreira do radiologista?

Durante o Fellowship, o candidato vai aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos clínicos e de pesquisa em radiologia ME em um dos hospitais mais respeitados do mundo. Fundado em 1811, o MGH foi o primeiro hospital vinculado à Harvard Medical School. Entre os inúmeros marcos na história da medicina que o MGH conquistou, está o fato de ter sido o hospital onde a primeira anestesia geral foi administrada. Dez ganhadores de prêmio Nobel trabalharam ou treinaram no MGH, e em 2011 foi escolhido como segundo melhor hospital dos Estados Unidos pelo US News & World Report, que consistentemente ranqueia o MGH entre os melhores hospitais do país.

A experiência de trabalhar conosco por um ano expande os horizontes do Fellow tanto do ponto de vista profissional como individual, já que Boston é uma cidade diversa, cosmopolita e histórica, localizada na região da colonização e independência dos Estados Unidos. É claro que o Fellowship também nos beneficia, através da experiência que o Fellow traz para a discussões de casos e colaboração nos projetos de pesquisa.


Pode falar um pouco sobre o grupo de pesquisa Musculoskeletal Imaging and Intervention? Há quanto tempo ele existe? Qual seu objetivo? Que tipo de profissionais reúne? Quais são os aspectos interessantes de sua trajetória?

O núcleo de pesquisa do qual sou Diretor (MGH Musculoskeletal Imaging Research Core) existe desde 2004, mas nossa divisão tem uma longa tradição de pesquisa. Nosso objetivo é explorar tópicos de pesquisa que evolvem tecidos musculoesqueléticos, tanto do ponto de vista tradicional/estrutural (por exemplo, avaliar se existe uma síndrome de compressão óssea do músculo quadrado femoral), como fisiológico (por exemplo, medir o efeito na homeostase de insulina quando gordura se acumula no músculo). De uma forma geral, todo a equipe da nossa divisão participa em pesquisa, com focos dos mais diversos. Desde que o núcleo foi criado, temos aumentado o número de publicações que examinam não só a importância do papel estrutural do sistema ME, mas também o seu papel fisiológico.
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Mais sobre o MGH Musculoskeletal Imaging Research Fellowship

Duração de 1 ano: de julho 2012 a junho 2013.
Uma vaga aberta para programa iniciando em julho 2012.
Fellow responsável por despesas de viagem e estadia.
Requisitos incluem Título de Especialização (CBR) e R4/E4, até 35 anos de idade.
Instruções detalhadas no site da SPR.

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